22.2.06

Adorei...
Tds os momentos!
Este beijo é para ti!

15.2.06

Hoje escrevo-te de um sitio onde já não nos podemos sentir.
Voei para longe e nem me apercebi.
Transformaste-me numa encomenda postal de selo azul sem aviso de recepção.
Hoje arrebataste-me com a tua verdade.
Palavras que queria ter ouvido antes.
Palavras q faziam a diferença.
Palavras...
Recolho-as e guardo-te aqui.
Voei para longe e nem me apercebi.

Hoje é cedo p dizer Adeus!

14.2.06

Tudo é frio nesta cidade.
A pedra que compõe a sua estrutura é fria, a sua textura. O ar frio... seco,o verde das árvores é frio... escuro, o meu nariz é frio... nesta cidade. Cidade de estudantes, de músicos...artistas, menos frios, estudantes obstinados... gelados.
Redoma da europa, quem vive cá não se mostra conhecedor do calor, mesmo que já o tenha sentido, recusasse a aceitá-lo.Falam 3 ou 10 linguas frias, misturas impercéptiveis de idiomas saxões, inglês os mais novos, francês os mais cultos.
A noite é fria... de morrer, o dia é menos frio... mas morto. Os cumprimentos são frios, os beijos são frigidos...três, para compensar, como se a quantidade interessasse... Não há sinal nenhum da dádiva, ninguem dá, nem mesmo uma piada descomprometida...medo de receber pelo pavor de retribuir... o cumulo da frieza.
A única coisa generosa nesta terra... a natureza, generosa demais... desculpa tudo o resto.
As montanhas Alpinas a sul contemplam a cidade... brancas, alguem na cidade as contempla... eu. Talvez de retribuição, prazer de dar, tentativa de receber... minha, não delas... estão mortas, como todos por aqui, talvez precisem todos é de parar, pensar como as montanhas...
Mas gosto, de tudo, digo para mim que nenhum tempo é perdido muito menos para um generoso.
Incrível, a única coisa que aquece nesta cidade é precisamente o gelo... a neve que cobre os picos que se espetão no céu quase desde a sua base. Branco gelo... quente luminoso. Verde escuro... frio duro...contraste impressionante... e que belo!!!

8.2.06

-Gostas de mim agora?
-Amo-te, sabes bem.Mas pq perguntas?
-Para saber.
-Entao ficas a saber que podes perguntar quando quiseres ouvir, mas é uma verdade incontornavel e intemporal.
Silêncio.
Milhares de arvores descaracterizadas passam a 150 km/h ao meu lado mas só te vejo a ti, o teu reflexo no vidro e sorrio pq vamos juntos.
-Podiamos morrer agora, morriamos juntos na proxima curva.
Aceleraste.
E continuaste,
-É preciso viver depressa, viver tudo experimentar tds as sensações e morrer de preferência jovem. O q nos falta?
-Não pára.Pára!!!!Não quero morrer neste fim de mundo num carro de merda como o teu!!
Nunca vamos a lado nenhum mas seguimos sempre o mesmo caminho, já o sei de cor, três à direita e 1 à esquerda antes do pinhal.
-Nunca percebi pq temos de vir sempre pelo pinhal.Gostava mt mais deste lugar se fosse um bosque.
-O q tu gostavas sei eu!
-Estupido!
Cheio de gentinha da carreira 28 q passa o domingo a grelhar entranhas de porco q me faz nauseas.Odeio este pinhal.Odeio td esta gentinha de fato de treino e feliz!
Chegámos à praia e o sol q eu tanto queria ver a por-se já estava mais para lá do que para cá.
-Fdx, é sempre a mesma coisa!Nunca chegamos a tempo!
-Se tivesses bebido menos champagne e fumado menos ontem...
Ensurdeci, n me interesa ouvir coisas q n me agradam, até pq a culpa n foi minha.Nunca é.
Gosto de champagne e entao?
-Gostas menos de mim por isso?
Silêncio.
O dia está a morrer rapidamente e está a levar c ele tantos outros dias q se acumularam neste.
-Quero morrer assim como este dia...e quero q tu estejas lá como nós estamos aqui.
-Sim vou olhar-te p sempre, mesmo q olhe outras q n tu.
-Eu sei.
-Tens medo de morrer ou medo de viver?
Estremeci pq sei q sabias a resposta.
Respirámos o meu, o nosso silêncio.
-Nunca mais voltaremos a estar sozinhos, sabes?
-É assim q dizemos adeus a alguém q amamos?Estou lucidamente morta.
A noite abria-se diante de nós.

Finalmente sei o q é ser imortal, é ser assim , contigo!

6.2.06

O espelho.
O mais mentiroso objecto do meu quarto.
Nunca mais me deixo enganar por ele, não sou a imagem q ele reflete.
Apanhaste-me tu.
Sedução.
Paixão.
Tesão.
Pelo teu não.
E pelo depois.
Noite e pq nunca mais foi dia.
As noites q chorei por ti ao espelho.
As que à força te tentei arrancar de mim.
As vezes q me fiz mal p te tentar atingir a ti q vives dentro de mim...
Cabrao, a palavra fácil p falar de ti.
Por todos os nomes, os piores, que te chamo e q as minhas amigas repetem c o mesmo fervor, pq lhes conto o q me fazes e o que não me fazes, o q me dizes e o que deixas por dizer, onde me tocas e onde nunca tocaste.
Digo sempre ao espelho que não vales nada.
Fazes o pior de tds os silêncios p quem espera, para quem observa e se observa.
E as respostas?
Não vai existir nunca mais uma outra paixão assim.
A partir de agora, vou ser só eu, egoistamente eu sem o reflexo.
O reflexo que eras tu, uma imagem q criei de ti , para mim.
Piada celestial,
O mais sublime dos cabroes, afinal, sou eu!

3.2.06

Esse teu olhar de quem não está, de quem está mas não faz parte, um sorriso fictício, quase irónico...como quem diz "Pode ser que na foto pareça que eu pertenço aqui".
É esse teu olhar sublime, que mostra que és qualquer coisa que vive neste mundo mas não lhe pertence, esse teu desdém divertido por quem quer registar a tua presença, como se de presença se tratasse, pois tu estás presente mas não em qualquer sitio onde te vêem, não necessariamente onde a objectiva te apanha.
É nesse teu olhar que quem vive como tu se revê, se atraí, se embebe. Não és bonita, nem és feia, és humanamente perfeita, mas é o olhar que embebeda, é o olhar que apanha, mesmo a quem se deixa apanhar sem saber porque.
Foi nesse olhar que senti que era teu próximo, mesmo quando nunca te tinha visto. Foi nele, como é no meu...desde criança...

2.2.06

E para não haver duvidas cá vai uma prova de que o Zé Carlos é cá da malta...

A Liturgia do Sangue

Caminharemos de olhos deslumbrados
E braços estendidos
E nos lábios incertos levaremos
o gosto a sol e a sangue dos sentidos.
Onde estivermos, há-de estar o vento
Cortado de perfumes e gemidos.
Onde vivermos, há-de ser o templo
Dos nossos jovens dentes devorando
Os frutos proibidos.
No ritual do verão descobriremos
O segredo dos deuses interditos
E marcados na testa exaltaremos
Estátuas de heróis castrados e malditos.
(...)
Ó deus do sangue! deus de misericórdia!
Ó deus das virgens loucas
Dos amantes com cio,
Impõe-nos sobre o ventre as tuas mãos de rosas,
Unge os nossos cabelos com o teu desvario!
Desce-nos sobre o corpo como um falus irado,
Fustiga-nos os membros como um látego doido,
Numa chuva de fogo torna-nos sagrados,
Imola-nos os sexos a um arcanjo loiro.
Persegue-nos, estonteia-nos, degola-nos, castiga-nos,
Arranca-nos os olhos, violenta-nos as bocas,
Atapeta de flores a estrada que seguimos
E carrega de aromas a brisa que nos toca.
Nus e esnsaguentados dançaremos a glória
Dos nossos esponsais eternos com o estio
e coroados de apupos teremos a vitória
De nos rirmos do mundo num leito vazio.

Ary dos Santos, em A Liturgia do Sangue - Lisboa 63
Vamos os dois, não fingimos, vamos juntos, fingindo!
Não...
Vamos os dois e fingimos q vamos juntos!
Não me fodas
Já não posso mais
Irei dormir
Nem consigo escrever
Tou demasiado cansado de viver

Hoje
O dia já ia longo na praia de tds os prazeres e nenhuma onda mais viria satisfazer-nos a ânsia de a apanhar.Mas tu dentro de àgua continuavas sempre a provocar-me, insitias q querias ver-me a surfar...Não chegaste a ver!
Saímos da água e disseste q proximo havia uma outra praia que me querias mostrar. Falei c as minhas amigas e tds concordámos q seria uma boa ideia.
No caminho perdemos-nos delas e ficámos os dois.
Seguia-te os passos, descalços.
Pisava nos meus sitios q tu havias pisado e sentia-te cada vez mais perto.
Este caminho é mágico disseste, e era de facto!
Um atalho que de repente se tranformou numa ruína de um castelo, cheio de arvores q em tempos remotos viveram, hj eram cadáveres q apenas sustinham no esqueleto as mais requintadas peças de porcelana do serviço de chá da rainha, tb elas uma mera imagem do q foram.
Cacos.
Memórias.
Meu deus, pensei, mas q lugar é este?Mas seguia-te sempre entusiasmada pela ideia de nos conseguirmos dar assim um ao outro e de te provar q afinal tb eu sei surfar!
A meio paraste olhaste p mim e ajoelhaste-te.E que cenário é este?Tu à minha frente, os dois ajoelhados no meio de tantos cadáveres, tudo à nossa volta era passado, nuances do q um dia existiu, um passado q insiste em ser presente...Perdoa-me!
Perdoa-me, nunca te quis magoar!
Lágrimas.
Nunca cheguei à tal praia q tanto me querias mostrar
Nunca te cheguei a provar q afinal tb eu sei surfar!
Não chegaste a ver.
Acordei entretanto,
E agora já eras!