15.2.06

Hoje escrevo-te de um sitio onde já não nos podemos sentir.
Voei para longe e nem me apercebi.
Transformaste-me numa encomenda postal de selo azul sem aviso de recepção.
Hoje arrebataste-me com a tua verdade.
Palavras que queria ter ouvido antes.
Palavras q faziam a diferença.
Palavras...
Recolho-as e guardo-te aqui.
Voei para longe e nem me apercebi.

Hoje é cedo p dizer Adeus!

13 Comments:

Anonymous Anónimo said...

-Como te chamas miudo?-

-Tomás-

-E tu pequenina?-

Hesitante, olhou fixamente para a mãe e exclamou:

-Maria do Mar!-

-Nome lindo. Parabéns. São os dois muito bonitos.-

-Obrigado.-

-Mas vejo que ainda está à espera de um terceiro.-

-Sim. Só deverá nascer lá mais para o Verão.-

Num repente os dois miúdos saem a correr praia fora.

-Tomas! Maria! Voltem já aqui. É sempre a mesma coisa. Peço-lhe desculpa mas eles não param quietos um minuto.-

-Já sabe o nome do terceiro?-

-Ainda não escolhemos os nomes. Ainda nem sabemos se é rapaz ou rapariga.-

-Já decidiu se o vai ter cá ou vai a Portugal para os ter?-

-Não sei sr José. A minha mãe prefere que eu vá para lá. Mas eu, por muitas saudades que tenha prefiro que seja aqui. Sempre que regresso volto à mesma confusão, agitação. Põem-me a mim mais nervosa do que aquilo que já sou. Depois tenho de levar o Tomás e a Maria.-

-Com miúdos é sempre mais complicado.-

-E as dez horas de avião não ajudam. Além do mais eu estou bem aqui. Tenho sol, praia, tranquilidade. Faço as coisas ao meu ritmo. Ao meu jeito. Eles também podem vir cá se quiserem. E há mais espaço para todos.-

-Deixe lá. Num lado ou noutro do oceano, com certeza que vai correr tudo bem.-

-Espero que sim. Desculpe-me mas vou ter de ir andando. O Tomás tem aula de surf e se chega atrasado fica logo irritado.-

-Até logo então.-

E foi esta a conversa que ela teve com o sr José. Eu gosto dele. Homem de uma pacatês desconcertante. Dia após dia lá está ele a limpar a praia. Com uma vara ponteaguda numa mão e um saco de plástico na outra. Vai apanhando o lixo dos outros. Se não fosse ele tinhamos de ser nós a limpar. Não gosto de olhar pela janela e ver limos e papeis a esvoaçarem no areal.

Mas não era por isto que vos conto a conversa. É que estou preocupado. Preferia que o meu filho nascesse lá. Tal como os outros. Sempre há mais condições. Sei ser mais complicado. Os nossos afazeres não permitem de nos afastarmos por muito tempo.

Nem eu quero.

Esta distância foi o melhor que nos poderia ter acontecido nos últimos anos. Somos só nós os quatro. Ou melhor, os cinco. Ou os dez se contarmos os rafeiros todos que ela apanhou na rua e trouxe para cá. Até desses eu ás vezes sinto falta. Não me apetece voltar. Mas tenho de pensar neles e não em mim.

O Tomás sei bem que por ele era só surf. Nem era preciso ir às aulas. Deixem-no cá que fica ele e a praia. Isso para ele é o bastante.

A minha filha Maria nem se le lembra de Portugal. Ela é linda.. Não acham? Estou a pensar comprar-lhe um barco è vela. Daqueles pequenos. Ponho ali na lagoa e de certeza que ela vai adorar. Pelo menos não foge para ir no barco do Raimundo à faina. Eu já fiz vela. Num barquito meio tosco, à chuva, com frio. Foi há tanto tempo. Ainda estava em Portugal. Já não me lembro de muito. Espero que o suficiente para levar a Maria a passear.

Os miúdos em Portugal ficam em transe. Se formos para Lisboa pior ainda. No meio do cimento. É o stress total.

Não sei, vou falar melhor com ela. A ver se chegamos a alguma conclusão.

Tenho de ir. Prometi ao Tomás que ia fazer surf com ele depois de ele vir das aulas. E hoje está óptimo. A Maria ainda tem medo. Por isso não a levo. A mãe do Tomás, a minha mulher - não gosto desta expressão, parece chauvinista - não pode ir porque torceu o pé quando dropou para cima do coral. Ela está cansada de saber onde está o coral, mas é tão teimosa. Já lhe disse vezes sem conta para não surfar naquele pico. Eu costumo ir para lá e é verdade que ás vezes afasto-me muito dela. Mas já lhe disse que não sabe o suficiente para ir para ali. Agora foi de vez e avariou o pé. Do mal o menos. Isto significa que vamos ter sushi torto ao jantar. O arroz fica sempre bom mas os rolos torcidos e desmembrados é uma especialidade nossa.

-Já vou Tomás. Vai tirando as pranchas e traz o meu shop preto que está por debaixo da bancada.-

Desculpem, vou ter de sair.

Até amanhã.

fevereiro 15, 2006  
Anonymous Anónimo said...

Olá a todos.

Com este texto fecho aqui as minhas intervenções. Tinha escrito este conjunto de 5 textos de rajada e penso que em algum deles todos vocês conseguem ver pedaços da vossa vida. Seja porque já fomos Árvore, Amantes, Amados, Mal Amados e Sonhadores.

O primeiro post que fiz é sobre o que é para mim Amar. Não é apaixonar, ou lances, ou casos. Á Amar mesmo de dentro. De alguém que se entrenha em nós. E agora já não sai.
O segundo sobre mal amar. Sobre como nós enganamos e usamos os outros em nosso benificio por toda e mais alguma razão egoísta.
O terceiro sobre como nós muitas vezes somos árvores e gostamos do conforto de uma qualquer floresta. Gosto de pensar que não sou assim. A ver vamos.
O quarto texto fala sobre o Não Amar. Básicamente sobre querer ser amado. E nós todos queremos ser amados. Escusado será repetir que damos sem esperar nada em troca. Quando isso acontece, estamos no caminho certo. Não podemos é esperar dos outros aquilo que não nos podem dar.
O último texto, que está transcrito aqui em cima, chamei de sonho. Eu não gosto muito da palavra sonho pois parece sempre que é algo que não se vai concretizar. Eu prefiro dizer visão. Sempre é um sonho no qual acredito ser possível transformar em realidade.

Posso vos dizer que escrevi tudo isto em menos de 2 horas, sem pensar muito. Daí as gralhas, várias, ao longo dos textos.
Deixo-vos também uma mensagem sobre o vosso blog.
Percebo melhor a terapia da escrita. É de facto muito bom. Parece que estamos a acertar balanços e a fechar contas.
Diria que quase funciona como uma terapia de grupo. Estou certo disso. Para mim foi óptimo escrever o que vos escrevi. Não escrevi tão metafóricamente nem de forma erúdita. Mas eu próprio não o sou.

Espero que tenham gostado dos textos. Para já não irei escrever mais aqui, ou mesmo pedir à Zofia que me coloque os posts. Talvez noutro recanto da net ou dos meus próprios papéis.

Este era o momento. Peço desculpa pela interferência na corrente de expressão que têm aqui a passar.
As palavras são muito mais fáceis escritas que ditas. (Logo eu a dizer isto - tive 8 a português! looool)

Do blog não tive o prazer (será prazer?! ehehhe) de conhecer o Peter. Talvez um dia ?! Do que sei, do que li, so posso fazer uma pergunta: existe mesmo felicidade quando se chora o passado?

Esta é uma parte do meu mundo em 5 capitulos, o resumo de pensamentos em momentos diversos da minha vida.

Fiquem bem.
Boa sorte para vocês.

bjs e abc

fevereiro 15, 2006  
Blogger Z said...

Vou ter saudades das tuas palavras escritas, já que ditas só dizias baboseiras :P Beijinho grande amigo. Fica bem também. ;) E surfa muito.

A surfista da banheira cor-de-rosa,
Sofia.

fevereiro 15, 2006  
Blogger Sininho said...

Anónimo, agora menos anónimo do que ontem,Lindo de morrer o teu texto!!
Fizeste.me rir e chorar ao mesmo tempo...
Só podias ser tu.

Até sempre!

fevereiro 15, 2006  
Blogger Melquíades, O Novo said...

E tu...minha musa...inigualavel como nunca...
Aproveito para avisar os entusiastas leitores...que os coments sao sempre bem vindos...
mas...

fevereiro 15, 2006  
Anonymous Anónimo said...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

fevereiro 15, 2006  
Blogger Z said...

E quem és tu j(o)ao? :)
Como vieste parar ao nosso blog?

fevereiro 16, 2006  
Anonymous Anónimo said...

Porque falas do que não sabes.
Metes-te em conversas que não têm a haver contigo.

És labrego. E deves tar muito atento ao blog. As tuas respostas são demasiado rápidas para leituras ocasionais.

Queres combinar um cafézinho? Vamos ficar amigos!
Pode ser que ainda te safes - logo num blog. Era épico!

Dás-me cá uma tesão com o que escreves que nem queiras saber.

bjis

fevereiro 16, 2006  
Anonymous Anónimo said...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

fevereiro 16, 2006  
Blogger Z said...

Estes vossos últimos dois comentários foram os mais desnecessários que eu já vi em algum lado.
E por favor não confundam este blog com o #engate do mIRC.

fevereiro 16, 2006  
Anonymous Anónimo said...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

fevereiro 16, 2006  
Blogger Z said...

;) :P

fevereiro 17, 2006  
Blogger Sininho said...

Estou neste momento num átrio de um rafeiro hotel no cento da Batalha, e qual o meu espanto qd vejo 13 comments a um post meu altamente dirigido...
Afinal era falso alarme!!!
Beijos para todos!
Saudades sempre muitas!!

fevereiro 17, 2006  

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