18.9.07

Quero escrever mais do que nunca, mas hoje a minha imaginação não salta para alem daquilo que anseio,e sobre isso não me permito. Disse em conversa que não posso escrever sobre a realidade, corro o risco de se confundir com ficção. Hoje faço um esforço para distinguir a realidade na ficção do que imagino, ou a ficção na realidade do que escrevo.Escreverei...amanhã, talvez amanhã...quando recordar.
Sobre isto, escreveu Carlos Fuentes, abraçando Gabo numa cumplicidade tão simples quanto inatingível:
" A memória é o género que se atreve a dizer o seu próprio nome. A biografia diz-nos: «és o que foste».O romance diz-nos: " és o que imaginas". A confissão diz nos: "és o que fizeste". Mas biografia, confissão ou romance requerem memória, pois a memória, diz Shakespeare, é a guardiã da mente. Uma guardiã, diria eu, que se radica no presente para olhar com uma face o passado e com a outra o futuro. A busca do tempo perdido também é, fatalmente, a busca do tempo desejado. Hoje, no presente deste ano terceiro do segundo milénio depois de Jesus, Gabriel Garcia Marquez rememora. Aos que um dia lhe diram: «foste isto»,«fizeste isto» ou «imaginaste isto», Gabo adianta-se e diz simplesmente: Sou, serei, imaginei. Recordo isto.@ Carlos Fuentes - Gabo, memórias da memória."
Digo eu que não haverá quem diga melhor sobre coisas algumas nem quem tenha atentado tão claramente sobre todas as restantes.

Em tempos disse que o que escrevo é uma coisa o que vivo é outra, pois hoje não estou tão certo, logo, deixo aqui,

Os meus Parabens,
porque recordo
numa memória guardiã,
que lamento apenas por ti,
mas não tens