30.7.07

Uma lua tão cheia que parece não existir céu.
Agora imagine se tão clara que em volta dela saltam infinitos aneis de claridade concêntricos, cada vez menos densos, que tocam o horizonte como o dedo do E.T..
Imagine se agora tudo isto comprimido, densificado até caber no peito de um homem, até caber em meia duzia de centimetros cúbicos que carrega com ele todos os dias e noites. Não pensa nem realiza uma única acção em que não olhe para dentro desta "caixa" que contem a claridade suficiente para ofuscar um mundo, o nosso mundo. Cada vez que a olha, há um medo que o aterroriza "é hoje que vou cegar","é hoje que os meus olhos quebram". Não chega esse dia, mas chega a cada segundo a ofuscação cuja dor faz rebentar as tempuras, em que quando pretende ver algo os seus olhos estão feridos pela claridade que olha sem parar.
Esta luz é a solidão que esse homem traz consigo desde que se lembra de si...

29.7.07

O Tempo aqui descaracterizou-se á muito tempo atrás.
Os meus dias passar sem correr, bem diferente do meu Tempo em Lisboa.
Lá sentia que me restava pouco, o Tempo, e precisava fazer alguma coisa que realmente fosse importante com ele, por alguém.
O Tempo, esse, escorria-me pelo corpo, abandonando-me a cada gota. Distanciava-me cada vez mais do Tempo em que fui feliz. Sim, acho que houve um Tempo em q fui feliz...mas nao tenho a certeza. Nao importa.
O Tempo aqui encarrega-se de me fazer pesar o passado e de me fazer esquecer um futuro que nao vou ter.
Pesam-me as gargalhadas sinceras das minhas amigas. Fazem-me falta, já la vai tanto Tempo...
Esqueço-me dos beijos que daria no filho que nao cheguei a ter.
Dizem que o Tempo se encarrega de tudo.
Hoje meu amor aqui chove...
Muito

Martim

Um dia igual/Num país distante/Num Tempo diferente

23.7.07

Numa noite no meco, quatro mãos á mesa:

Tenho um telefone que nao toca
Uma mão que nao sinto
Um copo cheio
De vinho tinto

Chorei a minha miséria e separei-me de mim
Vi tudo como se fosse nada
Sou metades sem sentido
Neste meu existir sem fim

Despi-me de tudo para ti
Contigo fui para o jardim
Sem medoi, fui para ficar
Nua sem pudor de mim

No inóspito monte da lágrima
Vejo o meu futuro mudar
Um extremo corte na cara
O sabor do sangue que ainda me faz chorar

Comi a sopa azeda
Fiquei com o gosto de morte
Sorri para que ninguem chorasse
A minha estupida sorte

Vim chamar-te para morrer o que dizes?
Digo que ainda me falta um bocadinho assim...eheh

Apeteceste-me pouco, hoje
FUI FELIZ!

(Sangria Branca cheia de gin e açúcar / Feijoada de marisco )

16.7.07

Minto porque sou honesto
sufoco porque sinto demais
choro porque amo tanto
perco-me para não perder

quando me vires procura-me a alma,

has-de encontrar num dia de vento
embrolhado num papel de jornal
crivado de lhe trespassar a dor
este meu coração atento,
ansioso por um amor normal