7.9.07

Esta tarde ao comer uma bolacha de agua e sal com doce de tomate senti o teu cheiro, a tua presença. A última vez que comi uma bolacha de agua e sal com doce do tomate estavas a olhar-me com os olhos a brilhar, com o teu encolher de ombros fizeste aquele sorriso que forçava inocência, que recusavas a permitir-te perde-lo, e consequentemente perde-la.
Imperaste-me um abraço e levei o último pedaço á boca, que tive dificuldade em que lá coubesse, porque o meu queixo estava encaixado no teu ombro esquerdo e a minha orelha esquerda ao teu pescoço esguio. Mastiguei e engoli em esforço, porque continuavas a apertar me.
E teimavas em não largar, pela sede insaciável de um abraço e para me dificultares a deglutição, acto de pequena travessura.
A inocência do teu sorriso contrastava com a pele de galinha das tuas pálpebras. Forçada? Talvez. A inocência ou a pele engelhada? talvez ambas.
Desta vez a bolacha estava mole, como se fosse a primeira do pacote aberto á três dias, o doce sabia a corantes e conservantes e o teu pescoço cheira-me a azedo, leite azedo.