9.8.07

Numa malha de trilhos infinita,
numa montanha maior que tudo,
um vento soprava frio,
tão raro
e tanto ou mais duro

Descia alguém em sossego
esgotado de morte
caminhava o seu regresso
de um lugar, até onde
lhe tinha levado a sorte

Almas que atravessou
corpos cruzados
uns em busca de um arrepio
outros talvez
de serem amortalhados

Em todos se viu
em parte quis parar
nunca aconteceu porque
parte do que era
continuou a andar

Vinha triste calado
falava nada, dizia tudo
foi esse lugar
e aquele vento
que o fez mudo

Levantou os olhos
mostrou os seus animais
tocado pela inocência
lucescente
de quem lhe disse...esses sinais

Falou trémulo
vim de ali, para onde vais
não parece mas estou lucido
e por ti...não vás
não vais encontrar mais

Ouviu de volta
num tímido sorriso
não te vou abandonar
porque te amo
não preciso

de olhos fechados
num medo obtuso
serás minha amiga?
...é que o resto
eu só uso

num abraço ouviu
com o olhar molhado
prometo que sim
e tambem... que adoro lamber
o teu corpo suado

1.8.07

chamo-te sem que notes
grito por ti assim
um vacuo enorme de tempo
separa te de nós
abandona-te de mim

num rasgo ouvi silêncio
noites frias
vi-te de costas
a sorrir,
ias

um lugar escuro e vazio
os olhos abertos, a coragem
um pesadelo trocado
por um sonho de ti, e de mim
à margem

acordar de pânico
agudo corte sem fundo
uma espera pelo carinho
uma loucura que tremeu
o mundo

compreende bem
esta noite que passa
pois vais comer o pão
esse
que o diabo amassa