30.7.07

Uma lua tão cheia que parece não existir céu.
Agora imagine se tão clara que em volta dela saltam infinitos aneis de claridade concêntricos, cada vez menos densos, que tocam o horizonte como o dedo do E.T..
Imagine se agora tudo isto comprimido, densificado até caber no peito de um homem, até caber em meia duzia de centimetros cúbicos que carrega com ele todos os dias e noites. Não pensa nem realiza uma única acção em que não olhe para dentro desta "caixa" que contem a claridade suficiente para ofuscar um mundo, o nosso mundo. Cada vez que a olha, há um medo que o aterroriza "é hoje que vou cegar","é hoje que os meus olhos quebram". Não chega esse dia, mas chega a cada segundo a ofuscação cuja dor faz rebentar as tempuras, em que quando pretende ver algo os seus olhos estão feridos pela claridade que olha sem parar.
Esta luz é a solidão que esse homem traz consigo desde que se lembra de si...